domingo, 14 de março de 2010

O Que Recordo / Urgente! Urgente!

Suas formas de amor não me impressionam.
Quer saber o que é amor pra mim?

Amor pra mim é um apartamento velho, acabado e pequeno de verão, numa sala onde havia apenas um sofá velho e esburacado. Numa noite ao seu máximo de escuridão. No som tocava algum compositor ultra-romantista, e fora isso havia total silêncio. Havia uma janela gradeada aberta, e vi seu vulto pálido se aproximar, silenciosa e chorosa. Dei um passo à frente e a abracei. A abracei. A segurei, a protegi. Toquei seus lábios trêmulos e deixei que a luz da lua nos viesse admirar por entre brechas, enquanto nossos vultos dançavam em perfeita sincronia naquele sofá.

É uma tarde de inverno londrino, em que você se sentou encostada à uma janela e passou a admirar as ruas totalmente cobertas de neve, onde nem a luz do sol veio incomodá-la, devido à forte neblina que não nos deixava saber se era dia ou noite. Eu te abracei e lá ficamos em lençóis.

É uma manhã em que achei bom acordar cedo, e sai pra admirar a paisagem na montanha repleta de pinheiros, neblinada, do lado de fora de uma casa de madeira com alguns degraus até a porta. Havia do lado de fora também, fora todos os animais, um machado enfiado num toco de madeira.

Foi uma noite em que inventei uma besteira qualquer pra ir te ver, caminhei ruas e ruas até a esquina de sua casa e pedi pra você descer até a esquina. Eu te esperava num leve nevoeiro, e te vi aparecer ao meu lado após outra ligação de confirmação (você duvidou que eu estava realmente louco?). Havia muitas árvores e a rua era de pedra, não havia ninguém nas ruas. Eu tentei te beijar, mas você pareceu não perceber. Uma vida. Uma vida inteira.
Inventei qualquer desculpa e me retirei. Para onde? Sabe Deus.
Virei de costas e sai andando. Passei uma, duas casas, ouvi um milhão de músicas tocando em minha cabeça, bati com um pé na parede, me agarrei num poste e subi até o topo. Ao chegar lá em cima me agachei e fiquei te admirando ver televisão, pensativa. Depois estudar. Um mundinho tão pequeno... Que eu não posso entrar. Estudou, e finalmente, estava eu na sombra da janela de seu quarto te assistindo dormir.
Ah, desperta, meu amor! Desperta e mostra-me teu rosto, talvez de assustada, por me ver aqui! Desperta e vê que te espero!

Desperta e vê que estás para me perder!

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por Orpheus

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