Passam dias, nem um quarto,
E eu já ando maltratado
Pela dor da tua ausência.
E ando um tanto acabado,
Sem sequer ter começado,
Uma costumaz carência
A solidão chega primeiro,
Quando vejo, no espelho
Um só ser, não dois, qual um
Ando, pois, tal qual um manco,
Sem um lado pelos cantos,
Sendo metade de um.
E não ouso, então, turbar
Ao teu alcance, minha peleja,
Só me resta esperar
Pra que um de novo seja.
Um comentário:
"um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisas que os valha
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra"
de p. leminski, sem saber, para você.
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